sexta-feira, 29 de maio de 2009

7º Fórum de Pesquisa Cásper Líbero


Ontem, dia 27 de maio, estive no 7º Fórum de Pesquisa Cásper Líbero. Quando na faculdade entrei me lembrei da primeira vez que estive lá. Era fevereiro de 2001, eu estava mega confusa. Não tinha a menor idéia do que era cursar uma faculdade e muito menos o que era Relações Públicas. Mas não demorou muito para eu me apaixonar por essa faculdade e ainda mais pelas Relações Públicas.

No Fórum, tive a oportunidade de assistir explanação de Tânia Baitello, minha professora (eterna), mestra, orientadora, exemplo de profissional. Ela nos contou um pouco sobre sua dissertação de mestrado com o tema “Governança Corporativa e Comunicação Organizacional: Interfaces Possíveis”. Ela me esclareceu diversas dúvidas e anseios e me fez pensar em diversas perceptivas.

Foram apenas 20 minutos de explicação. Minha vontade era dizer para que ela continuasse noite a dentro, pois o tema e a forma a Tânia explanava estavam maravilhosas.

Além da Tânia, mais dois professores apresentaram suas pesquisas. Guilherme Grandi falou sobre Valoração de Resultados (mas depois quero dedicar um post a esse tema) e Cristina Valiukenas com um trabalho sobre Gestão do Conhecimento no Ambiente Empresarial.

Mas não foi só isso. Fiquei muito surpresa e feliz quando minha professora de Eventos do 3º ano, Ethel Pereira, lembrou do meu nome. Que delícia receber o carinho dos professores!

Quem quiser, ainda pode participar do Fórum no dias 28 e 29. Eu recomendo! Informações no site http://www.facasper.com.br/eventos/site/cursos_nota.php?id_secao=284

OBS.: TANIA, ESTAMOS ESPERANDO A PUBLICAÇÃO DO SEU LIVRO!!!!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A sordidez humana


Esta semana, Lya Luft escreveu algo que está muito relacionado ao tópico abaixo. Ela tem muita razão no que diz. E, pra mim, esse texto não poderia ter sido publicado numa semana mais apropriada... Cobrinhas e cobrinhas circulando....

Lya Luft A sordidez humana

"Que lado nosso é esse, feliz diante da desgraça
alheia? Quem é esse em nós, que ri quando
o outro cai na calçada?"

Ando refletindo sobre nossa capacidade para o mal, a sordidez, a humilhação do outro. A tendência para a morte, não para a vida. Para a destruição, não para a criação. Para a mediocridade confortável, não para a audácia e o fervor que podem ser produtivos. Para a violência demente, não para a conciliação e a humanidade. E vi que isso daria livros e mais livros: se um santo filósofo disse que o ser humano é um anjo montado num porco, eu diria que o porco é desproporcionalmente grande para tal anjo.

Que lado nosso é esse, feliz diante da desgraça alheia? Quem é esse em nós (eu não consigo fazer isso, mas nem por essa razão sou santa), que ri quando o outro cai na calçada? Quem é esse que aguarda a gafe alheia para se divertir? Ou se o outro é traído pela pessoa amada ainda aumenta o conto, exagera, e espalha isso aos quatro ventos – talvez correndo para consolar falsamente o atingido?

O que é essa coisa em nós, que dá mais ouvidos ao comentário maligno do que ao elogio, que sofre com o sucesso alheio e corre para cortar a cabeça de qualquer um, sobretudo próximo, que se destacar um pouco que seja da mediocridade geral? Quem é essa criatura em nós que não tem partido nem conhece lealdade, que ri dos honrados, debocha dos fiéis, mente e inventa para manchar a honra de alguém que está trabalhando pelo bem? Desgostamos tanto do outro que não lhe admitimos a alegria, algum tipo de sucesso ou reconhecimento? Quantas vezes ouvimos comentários como: "Ah, sim, ele tem uma mulher carinhosa, mas eu já soube que ele continua muito galinha". Ou: "Ela conseguiu um bom emprego, deve estar saindo com o chefe ou um assessor dele". Mais ainda: "O filho deles passou de primeira no vestibular, mas parece que...". Outras pérolas: "Ela é bem bonita, mas quanto preenchimento, Botox e quanta lipo...".

Detestamos o bem do outro. O porco em nós exulta e sufoca o anjo, quando conseguimos despertar sobre alguém suspeitas e desconfianças, lançar alguma calúnia ou requentar calúnias que já estavam esquecidas: mas como pode o outro se dar bem, ver seu trabalho reconhecido, ter admiração e aplauso, quando nos refocilamos na nossa nulidade? Nada disso! Queremos provocar sangue, cheirar fezes, causar medo, queremos a fogueira.

Não todos nem sempre. Mas que em nós espreita esse monstro inimaginável e poderoso, ou simplesmente medíocre e covarde, como é a maioria de nós, ah!, espreita. Afia as unhas, palita os dentes, sacode o comprido rabo, ajeita os chifres, lustra os cascos e, quando pode, dá seu bote. Ainda que seja um comentário aparentemente simples e inócuo, uma pequena lembrança pérfida, como dizer "Ah! sim, ele é um médico brilhante, um advogado competente, um político honrado, uma empresária capaz, uma boa mulher, mas eu soube que...", e aí se lança o malcheiroso petardo.

Isso vai bem mais longe do que calúnias e maledicências. Reside e se manifesta explicitamente no assassino que se imola para matar dezenas de inocentes num templo, incluindo entre as vítimas mulheres e crianças... e se dirá que é por idealismo, pela fé, porque seu Deus quis assim, porque terá em compensação o paraíso para si e seus descendentes. É o que acontece tanto no ladrão de tênis quanto no violador de meninas, e no rapaz drogado (ou não) que, para roubar 20 reais ou um celular, mata uma jovem grávida ou um estudante mal saído da adolescência, liquida a pauladas um casal de velhinhos, invade casas e extermina famílias inteiras que dormem.

A sordidez e a morte cochilam em nós, e nem todos conseguem domesticar isso. Ninguém me diga que o criminoso agiu apenas movido pelas circunstâncias, de resto é uma boa pessoa. Ninguém me diga que o caluniador é um bom pai, um filho amoroso, um profissional honesto, e apenas exala seu mortal veneno porque busca a verdade. Ninguém me diga que somos bonzinhos, e só por acaso lançamos o tiro fatal, feito de aço ou expresso em palavras. Ele nasce desse traço de perversão e sordidez que anima o porco, violento ou covarde, e faz chorar o anjo dentro de nós.

(Revista Veja - Edição 2113 - ano 42 - nº 20)